A minha viagem à Roménia foi um pouco diferente do habitual, o único objectivo foi estar com amigos e não turismo, no entanto claro que deu para passear um pouco e ter uma ideia do astral de Bucareste.
A caminho de uma visita surpresa na Roménia
A certa altura do ano passado estava indeciso onde ir a seguir, mas não demorou muito até perceber que afinal a decisão era mais do que simples. Tinha em divida uma visita a uns amigos há mais de um ano, e esta era a oportunidade ideal para pagar a minha dívida. Foi assim que decidi adicionar mais um país europeu à minha lista de países visitados, a Roménia.
Planear a viagem foi bastante simples, apenas disse ao Paul que não iria fazer quaisquer planos, ele é o nativo e como tal sabe bem melhor do que um livro sobre o que visitar. Quando levo alguém a visitar Portugal, eu sou quem trata de fazer o plano de viagem e os levar a conhecer os meus locais favoritos, portanto pareceu-me justo pedir o mesmo. Ninguém melhor que um local para mostrar a zona. Preparar a viagem foi uma história totalmente diferente…
Como chegar à Roménia
A Roménia é servida por várias companhias de aviação, além das locais, mas a partir da Irlanda apenas tinha três opções. Ryanair, que jurei nunca mais usar; Blue Air, uma companhia romena estilo low-cost; e a KLM, sem voos directos.
Devido às milhas aéreas, tenho preferência pela KLM, mas ter uma opção bastante mais barata e directa de facto fez alguma diferença. 3 horas e meia de voo é ainda um pouco, mas ainda assim decidi tentar e ver no que dava, como tal decidi pela Blue Air.
O voo
Ao contrário de outras companhias de low-cost, a Blue Air não parece ser muito picuinhas com o tamanho da bagagem de mão. Pelo menos não que eu desse por pessoas a reclamarem. No entanto, apenas uma bagagem de mão, e isso incluí a mala de senhora que também deve ir dentro da bagagem de mão.
Claro que não se deve julgar uma companhia por uma experiência singular, mas pareceu-me óbvio que se tratava de uma companhia de low-cost. Os bancos não eram muito confortáveis, e sentia-se um cheiro a mofo – isso de facto não foi muito agradável para 3:30 horas de voo…
Desde a minha última viagem de longo curso que comecei a prestar atenção a alguns detalhes culturais. E uma das coisas que notei desta vez foram os pedidos dentro do avião. Ao invés dos habituais snacks e sanduíches, muitas pessoas pediram cerejas e rodelas de pão torrado (um snack da marca 7days). Para ser sincero, acho que foi a primeira vez que vi cerejas à venda num voo, e sim, a quantidade de pedidos bastante significativa.
Chegada
Aterrar na Roménia pela primeira vez, e já lá estava o Paul à minha espera com um taxi. O primeiro impacto de Bucareste foi uma mistura de novo e renovado, a arquitectura comunista é obvia e continua presente. Alguns edifícios velhos e cinzentos, outros renovados mas ainda assim uma arquitectura de blocos de cimento.
Conduzir em Bucareste parece um pesadelo, ainda assim, parece que resulta. Tive experiências similares na Grécia, e assim que me habituei tudo pareceu mais simples, apenas um estilo diferente de condução. No entanto, algumas coisas ainda me surpreenderam, como taxis a atravessarem-se à frente de eléctricos velhos apenas para mudarem de direcção em vez de usarem uma rotunda mais à frente.
Já quase em casa do Paul, parámos para comprar algumas flores, e só depois fomos para casa dele. Ele disse-me para bater à porta e esperar. A Irina não fazia ideia de que eu iria à Roménia, a surpresa era para ela, a surpresa na cara dela fez a minha viagem valer cada cêntimo gasto.
Visitar Bucareste e os arredores por uns dias
Chegar a Bucareste foi um impacto, principalmente pelo misto arquitectónico entre o novo e o estilo soviético, e os edifícios da era soviética remodelados. O trânsito funciona de uma forma caótica, mas funciona, regras são facilmente “ajustadas” por todos, desde taxistas ao comum dos automobilistas. Um caos organizado, que em muito me lembrou Atenas.
Mais no centro da cidade, onde a grande maioria dos turistas normalmente vão, as coisas funcionam de uma forma bem mais organizada, mais limpa e mais tranquila. E tudo isto de uma forma apaixonante, não é à toa que Bucareste também é conhecida por Pequena Paris.
Bem perto do centro da cidade encontra-se um dos parques principais, o Parque Herăstrău Rei Miguel I da Roménia, com o lago com o mesmo nome. Adorei a forma como o parque estava organizado, com ciclovias e rotas bem definidas, com arte por todo o lado, pequenos parques temáticos como o Jardim Japonês e alguns bares e restaurantes para parar de vez em quando. Explorámos o parque de bicicleta, o que se torna bem mais rápido para quem tem pouco tempo, mas também mais divertido.
Como seria esperado, dada a localização da cidade, Bucareste é cheia de história e locais para visitar, mas tal como referi antes não fui num passeio turístico, mas ainda deu para conhecer um pouco, e fomos ao Museu de História Natural de Bucareste onde é representada a flora e fauna actual e pré-histórica de cada parte do país, o que dá para ter uma vaga ideia do que esperar de zonas como o Delta do Danúbio (onde quero ir um dia).
Para provar a verdadeira comida local, fomos até ao Mercado Obor onde comemos mici, que é um tipo de uma almôndega de carne em formato cilíndrico. O mercado é bem popular, encontrei referências ao mesmo em vários sites de turismo, mas curiosamente não é permitido tirar fotografias, fui alertado por um segurança para recolher a câmara…
Ainda sobre comida, numa das noites fomos a um restaurante estilo medieval, de nome Excalibur, onde fomos servidos com um banquete para umas 6 a 8 pessoas mas apenas éramos 4! Uma das características daquele restaurante, é que só nos dão uma faca para usarmos, temos de comer tudo com as mãos! É uma experiência deveras interessante, e até acho que a comida sabe melhor assim.
No que respeita à noite de Bucareste, não entrámos em “loucuras”, numa das noites fomos a um bar de jogos chamado Bar Ludic, bastante agradável por sinal, no entanto a fraca luz tendo em conta a temática do local é uma desvantagem, mas foi também lá que comi um dos melhores frangos de sempre! Mas o local que mais gostei para sair à noite em ambiente de descontracção, foi o Vale dos Reis onde fumámos narguile e bebemos um chá. É uma galeria bastante agradável com um aspecto egípcio arcaico, onde deve dá para umas excelentes fotos.
A grande falha da viagem foi não ter visitado o megalómano edifício do Palácio do Parlamento, também conhecido como o Palácio do Povo. Vi-o de “perto” e de bem longe, e é de um tamanho impressionante! Mas lamento imenso não o ter visitado mesmo… Talvez numa próxima oportunidade. Entretanto, talvez seja melhor rever o episódio do Top Gear onde eles filmaram nesse mesmo edifício!
Leave a Reply