A Croácia serviu de ponto de partida para uma aventura por terra de Zagreb a Atenas. Pouco conhecia da história deste país, e o pouco que sabia deve-se à guerra recente que levou ao colapso da Jugoslávia. No que respeita ao resto do país, apenas tinha ouvido falar nas praias paradisíacas do Adriático. Fiquei a conhecer mais sobre este país, e fiquei com vontade de voltar e conhecer mais.
Capital: Zagreb
Idioma oficial: Croata
Moeda: Kuna [HRK]
Fuso horário: CET / CEST (+1 hora que Portugal)
Área total: 56 594 km2
População: 4 058 165
Condução: à direita
Clima: existem três tipos de clima na Croácia. Na costa do Adriático e nas ilhas, moderado e chuvoso. Nos Alpes Dináricos, frio e com neve no inverno, e fresco no verão com trovoadas durante as tardes. E clima continental nas planícies do interior. A precipitação segue um padrão Mediterrâneo ao longo da costa, com menor precipitação no verão e máximo durante o outono e o inverno. No interior, a precipitação é frequente durante o ano todo, com possibilidades de neve durante o inverno.
Um pouco da história da Croácia
A história da Croácia cruza-se em várias partes com a história de Montenegro. O que não é de estranhar, visto que são países vizinhos e que recentemente até fizeram parte da mesma federação.
Na Antiguidade
Esta região foi habitada pelos Ilírios e pelos Liburnios, enquanto que as primeiras colónias gregas foram estabelecidas nas ilhas de Hvar, Korčula e Vis. No ano 9 o território que é hoje a Croácia tornou-se parte do Império Romano. O Imperador Diocleciano, que era nativo desta zona, mandou erguer um grande palácio em Split, que usou como local de reforma depois da sua abdicação.
Durante o século V, o último Imperador (de jure) do Império Romano Ocidental, Julius Nepos, governou a partir do palácio até à sua fuga para Itália em exílio. Este período termina com invasões de Ávaros e Croatas na primeira metade do século VII que levaram à destruição de quase todas as vilas romanas. Estes sobreviventes romanos fugiram para a costa, ilhas e montanhas. A cidade de Dubrovnik foi fundada por estes sobreviventes da vila de Epidaurum.
Na Idade Média
A origem dos croatas é incerta e existem várias teorias distintas. Teorias de origem eslava e iraniana são as mais comuns. A teoria iraniana sugere esta origem com base nas inscrições tábuas de Tánais, com nomes como Χορούαθος, Χοροάθος, e Χορόαθος (Khoroúathos, Khoroáthos, e Khoróathos), cuja semelhança com a palavra “Croata” leva a fortalecer esta teoria.
Tomislav foi o primeiro rei da Croácia, designado como tal numa carta do Papa João X em 925. Este rei derrotou invasões húngaras e búlgaras estabelecendo a sua influência como rei. O reino medieval da Croácia atingiu o seu auge no século XI durante os reinados de Petar Krešimir e Dmitar Zvonimir.
Quando o rei Stjepan II morreu terminou consigo essa dinastia. O cunhado de Dmitar Zvonimir, Ladislau I da Hungria, reclamou o trono croata. Isto deu origem a guerra e à união pessoal entre a Croácia e a Hungria. Durante os 4 séculos que se seguiram, a Croácia foi governada pelo Sabor (parlamento) e um ban (vice-rei) designado pelo rei.
Durante esta época estiveram sempre debaixo do risco de conquista por parte do Império Otomano e de conflitos pelo controlo das zonas costeiras com a República de Veneza. Os Venezianos tomaram controlo de quase toda a zona da Dalmácia, com excepção para a cidade-estado de Dubrovnik, que se tornou independente.
As conquistas otomanas deram origem a duas batalhas, que ambas terminaram em favor dos otomanos. Aquando a morte do Rei Louis II, o parlamento croata escolhei Fernando I da Casa de Habsburg como novo reinante da Croácia, sob a condição dele proteger a Croácia do Império Otomano.
73 anos de Jugoslávia
Depois de alguns séculos sob o domínio dos Habsburg e do Império Austro-húngaro, o parlamento croata declarou independência em 1918. E de seguida, juntou-se ao recém criado Estado dos Eslovenos, Croatas e Sérvios. O parlamento nunca ratificou a decisão de união com a Sérvia e o Montenegro. A constituição de 1921 declarou o país como um estado unitário e aboliu o parlamento croata dando por terminada a autonomia croata. Declaração esta sem a aprovação pelo maior partido nacional.
Com a invasão nazi, a Croácia voltou a ter uma “independência” relativa, um estado-fantoche da Alemanha Nazi. Durante esta época, centenas de milhares de sérvios, judeus, ciganos e croatas opositores ao regime foram exterminados em campos de concentração. Motivo pelo qual, ainda hoje, existe um grande ódio por parte dos sérvios.
No final da Segunda Guerra Mundial, Josip Broz Tito não só tinha derrotado os nazis, como também conseguiu a unificação de todas as repúblicas jugoslavas num só estado. Esta união voltou a degradar-se após a morte de Tito.
A independência da Croácia
Em 1991, após referendo, os croatas anunciaram a separação da Jugoslávia. Logo de seguida, o território croata foi invadido pelo exército federal da Jugoslávia que deu origem na Guerra Civil Jugoslava.
A guerra terminou oficialmente em 1995. Após a vitória da Croácia, cerca de 250 000 sérvios fugiram da região auto-proclamada por República Sérvia de Krajina e estas zonas foram ocupadas por refugiados croatas da Bósnia e Herzegovina. Esta foi considerada como a maior operação de limpeza étnica da Europa. Em 1998, sob forte pressão internacional, a Jugoslávia devolveu o último território croata ocupado.
Algumas curiosidades sobre a Croácia
- A cidade habitada mais antiga da Europa é a cidade de Vinkovci, no leste da Croácia. Esta cidade é habitada continuamente há 8000 anos.
- O palácio de Diocleciano em Split tem uma esfinge egípcia genuína graças ao Imperador Diocleciano que a trouxe do Egipto para embelezar a entrada da sua tumba.
- A raça de cães Dálmata têm origem na Croácia, na região Dalmácia.
- A Croácia, a par com Espanha, tem o maior número de Património Imaterial da UNESCO na Europa.
- As Muralhas de Ston são o sistema de fortificação preservado há mais tempo depois da Grande Muralha da China.
- Nikola Tesla nasceu em Smiljan, na Croácia.
- Um dos primeiros locais medievais da Europa a ter um sistema de esgotos foi Dubrovnik.
- Os croatas tiveram o seu próprio alfabeto. O alfabeto glagolítico foi preservado apenas por croatas, que o usaram do século XII ao século XX, principalmente em liturgia.
- O anfiteatro romano em Pula é o sexto maior anfiteatro do mundo e o único com as 3 filas preservadas.
- Nas águas croatas vive a última espécie de foca mediterrânea.
- 10% do território croata é protegido por 11 Parques Naturais, 8 Parques Nacionais e 2 Reservas Naturais.
- A maior colecção de restos de Homens Neandertal do mundo foi descoberta em Krapina, no centro da Croácia.
- A ilha de Hvar é o local com mais horas solarengas na Europa, com mais de 2800 horas de sol por ano.
- A Croácia tem mais de 1200 ilhas e ilhéus.
- A praia Zlatni Rat muda de forma quando os ventos são suficiente fortes.
- Existem mais 41000 produtores de vinho e vinhas, cobrindo uma área de quase 21000 hectares.
- A Croácia é o 4º país com maior consumo de álcool per capita do mundo.
- Zagreb, a capital, outrora teve o nome de Agram.
- A ilha de Cres é o local onde está a última colónia de grifos (abutre-fouveiro).
- A moeda croata é o Kuna, que significa marta (o animal), porque os caçadores usavam a sua pele como forma de negócio.
- A gravata foi inventa na Croácia.
- O primeiro orgão tocado pelo ritmo das ondas do mar está em Zadar.
- O croata Slavoljub Penkala inventou o lápis mecânico em 1906, chamado de Penkala. Hoje em dia, conhece-mo-lo como caneta (pen em inglês).
- Hum é a cidade mais pequena do mundo, fica noroeste da Croácia e tem apenas 30 habitantes.
- Existem minas terrestre activas na Croácia.
- Existem imensos dialectos no país. Estes dialectos dificultam a comunicação entre alguns croatas para se compreenderem entre si.
Qual a melhor altura para visitar a Croácia?
Devido à geografia da Croácia, faz sentido separar as sugestões em duas grandes partes. A zona costeira e o interior do país. Na verdade, como existem 3 climas distintos no país, o ideal seria mesmo separar em 3 partes. Mas vou resumir em apenas duas áreas maiores para simplificar.
A zona costeira da Croácia
A zona costeira tem verões quentes e invernos moderados. A melhor altura para visitar esta parte da Croácia é entre maio e junho, ou setembro e outubro. Nesta altura o tempo está agradável e ainda solarengo. A época alta é durante os meses de julho e agosto, mas também é nestes meses que está bastante mais calor.
De outubro a março, a zona costeira é bastante mais tranquila, mas também muitos hotéis e atrações principais podem fechar. Mas com invernos moderados, também é uma excelente opção para visitar os centros históricos de cidades mais populares como Dubrovnik ou Split, com muitos menos turistas.
O interior da Croácia
Se não se dão muito bem com tempos frios e com neve, então mais vale evitar esta zona durante o inverno. A altura da primavera é a melhor altura para visitar esta zona. Excelente para caminhadas, andar de bicicleta ou explorar alguns locais mais populares. Atenção que o mês mais chuvoso da zona do interior é o mês de agosto.
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