A Islândia é um daqueles países que faz parte da Lista de Locais a Visitar de muita gente. E não é à toa, é um país com paisagens de cortar o fôlego, e não há fotografia que consiga transcrever o que os olhos vêm e sentem quando se está nesses locais. Muita gente opta por visitar apenas o Círculo Dourado e a capital, mas com um carro normal consegue-se explorar bem mais a Islândia, chegar a locais incrivelmente lindos, como a Lagoa Glaciar no sul da ilha.
A viagem até à Lagoa Glaciar ainda é um pouco longa, e definitivamente não recomendo a fazerem num só dia. Existe mesmo muitos sítios a visitar pelo caminho, a viagem em si é possível de fazer num dia, mas garanto que irão parar vezes sem conta. Abaixo fica uma lista de locais que podem visitar ao longo da rota pela Estrada Circular (tradução aportuguesada de Ring Road).
Lagoa Azul
O primeiro local a visitar é logo a Lagoa Azul. Não fica propriamente na rota, mas é um local bastante popular a ser visitado. Para quem vem ou vai para o aeroporto então é perfeito. Muitas pessoas tentam conjugar a chegada ou a partida da Islândia com a visita à Lagoa Azul, pois fica bem perto do aeroporto e não terão de fazer um desvio para passarem um par de horas a banharem-se naquelas águas quentes.
A Lagoa Azul é uma piscina natural?
Coloco aqui esta questão para esclarecer já à partida que não, a Lagoa Azul não é natural. A paisagem é natural, a piscina foi escavada por lava, e isso é natural. Mas a água quente não vem de nenhuma fonte de água quente, mas sim da central geotérmica que existe ao lado.
A centra geotérmica foi criada primeiro, e a água são os restos da água que é usada para arrefecer a central, e que depois é filtrada e direcionada para a Lagoa Azul.
E não, não é radioativo nem perigoso, é bastante seguro. Apenas não é uma piscina de águas quentes naturais, como muitas outras pela Islândia. É um local turístico, bonito, mas encontram muitas outras piscinas naturais e mais baratas (até mesmo gratuitas) pelo resto da ilha.
Cascata Seljalandsfoss
Dependendo da altura do ano, conduzir de Reiquiavique até Vik é uma experiência incrível. Eu visitei a Islândia no mês de Novembro, teoricamente ainda Outono, mas já muita neve e tudo congelado. Foi impressionante ver a paisagem a mudar em questão de minutos, de um manto branco para um manto verde.
Seljalandsfoss é a primeira cascata que vemos, aliás, dá para ver enquanto estamos a conduzir. Não há forma de enganar, é bastante fácil lá chegar. E a experiência de ver uma cascata tão magnifica enquanto conduzimos é indescritível. Quase que me arrisco a dizer que até é perigoso, não se distraem com a condução!
Uma das características da cascata Seljalandsfoss é podermos ir a pé até por detrás da queda de água. Mas isto também depende da altura do ano, em Novembro já foi muito arriscado, e parte do trajecto até já estava fechado devido ao gelo. O caminho até junto à cascata era um escorrega de gelo, e vi muita gente cair a tentar descer! Entretanto, eu optei por literalmente patinar, o que até resultou bem sem quedas! Mas não deu para ir para trás da cascata…
Quem quiser se aventurar a ir atrás da cascata, tenham em atenção que vão ficar completamente ensopados! Durante o Inverno está fora de questão, claro, mas durante o Verão é possível, e com um pouco de sorte até conseguem apanhar um arco-íris nas vossas fotos!
Cascata Gljúfrafoss
Este nome já deve ser mais invulgar, quando alguém pensa nas cascatas da Islândia, esta raramente aparece na lista. No entanto, fica tão perto de Seljalandsfoss que até é pena não visitar. Fica a uns 5 ou 10 minutos a pé de Seljalandsfoss!
Para quem quer conhecer esta cascata devidamente, convém irem preparados com roupa impermeável e com botas igualmente impermeáveis! Isso é indispensável, e lamento imenso de não estar assim preparado quando lá fui… Se fosse de Verão até teria arriscado a me molhar todo, mas de Inverno esse é um risco completamente desnecessário…
A cascata não dá para ver da estrada, mas irão reparar que existe um pequeno parque de estacionamento um pouco mais afastado de Seljalandsfoss, a cascata fica aí dentro de uma gruta (ou canhão).
Dá para ver a cascata por fora, mas para lá chegar ao pé é preciso andar um pouco pelo riacho, daí ser necessário calçado à prova de água. E depois lá dentro, não irão faltar salpicos da cascata! Mas pelo que vi de fora, vale bem a pena entrar!
Outra opção, que eu não conhecia, é subir junto à cascata, por fora da montanha, e ver a queda de água por cima. Acho que no Inverno pode ser um pouco arriscado, devido ao gelo. Mas sinceramente não sabia desta opção, então quando visitei a cascata apenas a vi pelo canhão. O que só por si foi uma experiência muito boa!
Vulcão Eyjafjallajökull
Em 2010 a Europa ficou a conhecer mais um vulcão, mas com um nome quase impronunciável. O espaço aéreo europeu ficou quase totalmente encerrado, milhares de pessoas foram afectadas pela Europa fora sem muitas alternativas. A tecnologia também aprendeu com esta experiência, e continuam a ser feitos estudos para que seja seguro voar sob condições desta natureza. Mas na altura o nome Eyjafjallajökull aparecia frequentemente em jornais, telejornais e era tema de conversa frequente. Pena que muita pouca gente conseguisse pronunciar o nome do vulcão…
Este vulcão dá para ver da Estrada Circular, aliás, eu só ali parei porque vi algumas pessoas à beira da estrada a olharem para umas placas e a tirarem fotografias. Fiquei curioso e fui ver do que se tratava. Eyjafjallajökull estava ali à frente! Um pouco longe, claro, dava para ver alguns picos (todos eles vulcões), e um deles era o famoso vulcão.
Eyjafjallajökull é um vulcão glaciar, que fica no sexto maior glaciar da Islândia. Hoje em dia é perfeitamente seguro de visitar o vulcão, historicamente entrou em erupção a ciclos de algumas centenas de anos, portanto será seguro visitá-lo durante as próximas gerações.
No entanto, o vulcão ao lado, Katla, normalmente entra em erupção cerca de uma década após Eyjafjallajökull, e é bem mais explosivo que o primeiro. Portanto para breve é provável que a Europa fique a conhecer outro vulcão islandês. Pelo menos este é bem mais fácil de pronunciar…
Cascata Skógafoss
Uma das maiores e mais bonitas cascatas da Islândia, também uma das mais conhecidas. Outra cascata que é bem fácil de encontrar para quem faz a Estrada Circular. É estacionar o carro, e apreciar o local!
Skógafoss tem uma largura de 25 metros, e uma altura de 60 metros. É mesmo impressionante estar junto a esta cascata, mas também complicado tirar fotografias sem pessoas na zona… O facto de ser tão popular e tão fácil de encontrar, torna o local extremamente cheio de turistas. Mas ainda assim, não deixa de ser incrivelmente magnífico.
Tal como outras cascatas que já referi, também é possível ir ao topo de Skógafoss. E desta vez fui mesmo lá acima, para ver de outra perspectiva aquela queda de água. De lá de cima é possível ver parte do rio e ver o quão impressionante ele se transforma numa cascata.
Para os mais aventureiros, podem continuar a caminhada ao longo do rio Skoga. Está é uma das caminhadas mais conhecidas da Islândia, por 22 km ao longo do rio, passando entre dois glaciares. Um deles onde está um dos vulcões que se tornou bem conhecido nos últimos anos, Eyjafjallajökull.
Para os menos aventureiros (e também para os aventureiros), existe a opção de visitarem o Museu Skoga, que fica ali mesmo ao lado da cascata.
Sólheimasandur, os destroços de um avião numa praia de areia preta
Em 1973 um avião americano despenhou-se numa praia no sul da Islândia, felizmente toda a gente sobreviveu e hoje em dia os destroços desse avião são uma das atracções turísticas mais conhecidas da Islândia.
Hoje em dia já não é possível visitar de carro, para chegar ao avião temos de passar por uma propriedade privada e já não dão autorização para os carros passarem por lá. De qualquer das formas, nem todos os carros poderiam passar por aquela estrada, só 4×4. Mas para os mais aventureiros, podem sempre visitar o avião com uma caminhada de cerca de 4km pela praia de areia preta. Como visitei a Islândia em Novembro já tinha muita pouca luz para me arriscar a fazer uma caminhada de 8km e depois anoitecer, então optei por deixar a visita ao avião para uma segunda visita ao país.
Na Zona de Vik
Um dos locais mais fotografados da Islândia é a Praia de Areia Preta, e não é à toa. É de facto um local impressionante, com um areal de areia preta bem extenso.
A Praia de Areia Preta e as colunas de basalto Reynisfjara
A Praia de Areia Preta é uma praia vulcânica, foi considerada como uma das 10 praias mais bonitas do mundo, mas não é o tipo de praia para ir dar uns mergulhos e bronzear. Até é uma praia bastante perigosa, que volta e meia colhe algumas vidas, o mar engana bastante e pode parecer calmo, mas tem correntes fortes que podem facilmente tirar a vida a uma pessoa. Vejam o vídeo neste artigo em que podem ver como ondas “calmas” de repente se tornam num pesadelo. É do tipo de praia para apreciar a sua beleza, e não se meterem em aventuras.
Esta praia também é caracterizada pelas colunas de basalto que estão bem junto ao mar, com uma pequena caverna. O que também foram formadas devido a actividade vulcânica. Basicamente, é uma praia repleta de beleza criada por lava.
Reynisfjara são as colunas de basalto na areia preta, e fica bem perto de Vik, a vila mais populosa do sul da Islândia. Vik é uma vila bem pequena, com pouco mais do que 300 habitantes, mas é um excelente ponto de passagem para usar como base para visitar outros locais, ou para passarem a noite a caminho da Lagoa Glaciar.
O arco Dyrhólaey
E por fim, se quiserem ver um arco com uma altura impressionante de 120 metros, podem ir até ao ponto mais a sul da Islândia e visitar o arco Dyrhólaey. E se forem no Verão, até podem ter a sorte de ver alguns papagaios-do-mar (ou puffin em inglês).
Campos de Lava Eldhraun
Os Campos de Lava Eldhraun foi dos locais mais impressionantes que vi. Quando lá passei nem sequer tinha noção de que me iria deparar com aquilo, simplesmente ia a caminho da Lagoa Glaciar quando começo a ver aqueles campos de rochas forradas em musgo. Claro que parei logo para tirar umas fotos e apreciar devidamente o local onde estava, e foi aí que aprendi um pouco mais sobre a Islândia.
A Natureza tanto tem de belo como de mortífero, estes campos de lava foram formados recentemente (numa perspectiva geológica) durante uma erupção entre 1783 e 1784. A erupção mais tóxicas e venenosas de que há registo, em que entre 50-80% dos animais domésticos morreram, e cerca de 20% da população. Afectou a agricultura, deu origem a doenças e à fome.
O impacto desta erupção foi tal que no Reino Unido ficou conhecido como o Verão de Areia (tradução directa para Sand Summer), devido à quantidade de cinza que caiu sobre as ilhas britânicas. E acredita-se que devido às cinzas terem bloqueado o sol na Europa que tenha contribuído para a Revolução Francesa.
Visitar os Campos de Lava Eldhraun é bastante simples, tal como eu, basta conduzir em direcção à Lagoa Glaciar que irão ver estes magníficos campos. A lava está coberta por um musgo tipo lã, e é extremamente sensível. Quando visitarem estes campos, por favor, simplesmente apreciem a vista sem tocarem em nada, este musgo demora décadas a recuperar. É de uma beleza inacreditável, e que deve ser mantido intocável para mais gerações poderem apreciar este local.
Canhão Fjaðrárgljúfur
Outro canhão bem conhecido na Islândia é o Fjaðrárgljúfur, mas apenas se tornou famoso recentemente. Parece que há zonas que se vão tornando mais populares de tempos a tempos, e este canhão agora é um dos locais mais visitados. Devido ao facto de ser tão visitado é que agora se fecham as visitas durante alguns meses para que a Natureza possa recuperar. Infelizmente existe gente que desrespeita esta regras, mas as autoridades estão a tentar garantir que as enchentes de turistas não danificam permanentemente estes locais naturais.
É possível lá chegar num carro normal, mas recomendo a fazerem-no apenas durante o Verão. A estrada é recomendada apenas a carros 4×4, o que durante o Inverno se torna bem mais complicado para um carro normal, mas no Verão é possível chegar perto do canhão com um carro normal. No entanto isto não é recomendado pelas agências de aluguer de carros, fica ao critério de cada um se querem arriscar…
Canhão Dverghamrar
Quando as pessoas não conseguem explicar a formação de certos locais, recorrem a religião e a folclore. Dverghamrar é um desses locais, os islandeses não sabiam como interpretar a formação do canhão Dverghamrar, então com origem em folclore e muita imaginação, criaram uma história para justificar a existência de Dverghamrar.
Dverghamrar significa Rochas dos anões, e acreditava-se (alguns se calhar ainda acreditam) que por detrás das rochas viviam anões com poderes mágicos ou duendes.
Dverghamrar são mais duas formações de colunas basálticas na Islândia, na terra do gelo e fogo. Acredita-se que foram formadas na era do gelo, época em que o mar estava bem mais elevado o que deu origem à formação peculiar. A lava ao entrar em contacto com a água gelada solidificou, e a superfície começou a rachar criando as falhas em formato hexagonal. E quando a Natureza cria algo deste género, claro que atrai imensos turistas para apreciarem a beleza deste local.
Cascatas Svartifoss e Hundafoss
Junto estas duas cascatas na mesma lista para evitar que cometam o mesmo erro que eu. Que é assumir que apenas irão ver uma cascata na vossa caminhada e voltarem para trás…
Svartifoss é uma das cascatas mais singulares da Islândia, com a formação basáltica por detrás, similar ao que se pode encontrar na Irlanda do Norte, na Calçada de Gigantes. No entanto, esta é a última cascata que encontram nessa caminhada, e tentem lá adivinhar qual foi a cascata que eu não vi? Yep…
Antes de chegarem a Svartifoss ainda terão de passar por duas outras cascatas, a primeira (que eu vi) chamada de Hundafoss, e uma segunda mais pequena. Só depois irão encontrar a famosa Svartifoss! Vale bem a pena a caminhada, quando lá fui nem encontrei vivalma pelo caminho, só Natureza toda para mim.
A caminhada até Svartifoss deverá demorar cerca de 90 minutos, com paragens para fotografia. É uma caminhada de cerca de 1,5 km sempre a subir, com passagem pelas outras duas cascatas. No entanto, quem tiver tempo e vontade pode também fazer a caminhada circular, que demora cerca de 3 horas por 5,5 km.
A titulo de curiosidade, se a cascata Svartifoss vos faz lembrar algo e não têm certeza do quê, talvez seja a famosa igreja em Reiquiavique? É porque é mesmo! O arquitecto que desenho essa igreja inspirou-se na formação basáltica de Svartifoss o que deu origem a outro local icónico na Islândia.
Zona da Lagoa Glaciar Jökulsárlón
Muito dá para fazer na zona da Lagoa Glaciar Jökulsárlón, o que recomendo é que marquem uma excursão para o Glaciar ou para as Grutas de Gelo antes de irem. Ou porque não ambas as coisas?
A Lagoa Glaciar Jökulsárlón
A lagoa é a parte mais conhecida, de facto é um pouco impressionante ver aqueles icebergs tão grandes no meio de uma lagoa. Quando lá fui tiver a sorte de estar ao lado de dois rapazes que estavam a manobrar um drone e deixaram-me ver as imagens em tempo real. É ainda mais impressionante ver de cima do que estar ali ao lado!
Uma das excursões populares na zona é mesmo um pequeno “cruzeiro” junto aos icebergs. Eu não fiz isto por ser demasiado caro para o meu orçamento e porque tinha já uma excursão planeada para as Grutas de Gelo. Mas as opiniões que ouvi é de que é bem interessante, ver os icebergs assim bem de perto!
A Praia de Diamantes
Bem, não são bem diamantes como o nome diz. Mas é uma praia, mesmo ao lado da lagoa, cheia de pequenos icebergs na areia. Blocos de gelo bem grandes, alguns maiores do que nós, e quase todos completamente transparentes como se fossem diamantes. Daí o nome da praia.
Vi algumas pessoas a fazerem surf nessa praia, e de realçar que a visitei em Novembro. Está frio! Mas pelos vistos é uma das actividades que se podem fazer na zona da Lago Glaciar Jökulsárlón.
Glaciares e Grutas de Gelo
Infelizmente não tive tempo de caminhar pelos glaciares, mas para visitar uma das grutas de gelo tive de ir até a um dos braços do glaciar. Foi uma experiência que adorei, mas não dá para ir num carro. Só em carros 4×4, e com cuidados bem acrescidos devido ao facto de se estar a conduzir em cima de camadas bem grandes de gelo, com probabilidade de acidentes bem acrescida. O que recomendo é mesmo a irem numa excursão com alguém que conheça muito bem a área.
Em relação às grutas de gelo, recomendo a que pesquisem bem o que querem ver. Todos os anos existem grutas diferentes, que são formadas por depressões nos glaciares, e as mais próximas da Lagoa Glaciar são as mais populares. Se o objectivo principal for fotografia, então o ideal é mesmo contactar uma agência e tentar ir numa excursão exclusiva para fotógrafos.
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